terça-feira, 2 de novembro de 2010

EPICURO- "O desejo é a causa de todos os males."

[creditofoto]Epicuro nasceu, de pais atenienses, na ilha de Samos, em 342 ou 341 a. C., e morreu em Atenas, em 271 ou 270 a. C. Para o historiador Diógenes Laércio, em cuja obra se encontram as principais informações disponíveis sobre Epicuro, a filosofia despertou-lhe o interesse precocemente, em plena adolescência.

Ainda jovem, Epicuro se transferiu de Samos para Teos, onde estudou com um discípulo de Demócrito. A mudança para Atenas ocorreu em 323 a. C. Nessa época é que ele deve ter ouvido os ensinamentos de Xenócrates, sucessor de Platão na Academia. Em seguida, viajou provavelmente durante anos, tendo ensinado em Mitilene e Lâmpsaco. Voltou a Atenas só em 306 a. C., quando comprou o seu famoso "jardim". Ali viveu com os amigos e criou a escola que dirigiu até seus últimos dias.

Opondo-se à Academia e ao Liceu, herança platônica e aristotélica que dominava a vida cultural da Grécia de seu tempo, Epicuro representa, contra o prestígio dessas duas escolas, a busca de uma filosofia prática, essencialmente moral, e que correspondesse às necessidades de seus contemporâneos, para os quais a desagregação da cidade-Estado originava toda uma crise de civilização.

Preocupado com a inadequação dos sistemas filosóficos tradicionais em relação à mudança cultural e política que se processava, Epicuro não propõe uma cultura diferente, mas um novo modo de ver e estar no mundo e de viver a vida.

Retomando contribuições anteriores e, em particular, a de Demócrito, Epicuro estabeleceu um todo coerente, que tem por objeto central a felicidade do ser humano. Essa felicidade foi mal interpretada pelos seus adversários, que a apresentaram, ao contrário do filósofo, mais como uma exaltação do corpo e dos sentidos que do espírito e sua cultura.

Segundo Epicuro, os maiores obstáculos para a felicidade humana são o temor da morte e o medo da ira divina, mas eles podem ser eliminados graças ao conhecimento da natureza. A ética de Epicuro assegura aos homens que a felicidade é facilmente alcançável, desde que algumas poucas necessidades naturais sejam satisfeitas, pois a felicidade não é outra coisa que a ausência de dor física e um estado de ânimo livre de qualquer perturbação ou paixão. Assim, a felicidade, para Epicuro, se identifica com um prazer estável, que os gregos chamavam de ataraxia.

Embora Diógenes Laércio atribua a Epicuro cerca de trezentos volumes de obra escrita, quase todo esse legado se perdeu, restando apenas três cartas (uma, sobre a física; a segunda, sobre meteorologia e astronomia; a terceira, sobre a ética), uma coletânea de sentenças morais e uma "Coleção de provérbios", composta de 81 máximas e descoberta, na forma manuscrita, na Biblioteca do Vaticano em 1888.

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